"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Love is in the Web

Eu saía da adolescência quando a internet começou a ser realidade tangível para a classe média. Para um jovem de 15, 16 anos, o vício pela rede teria de vir, inevitavelmente. Sites sobre mensagens subliminares e assassinos seriais, de pornografia e de conteúdo bizarro e sangrento, em geral, já faziam a alegria de muito marmanjo. Alegria que, àquela época, era sem movimento. Ver um vídeo era quase impossível, só havia fotos. Por sinal, era massa quando a gente ouvia uma música depois que ela levava horas para ser carregada. Horas. Mas nem só de sangue, bizarrices e pornografia viviam os adolescentes e todos os que descobriram a internet. Os bate-papos eram a grande coqueluche.
Os chats são responsáveis pela adesão das pessoas à internet, independentemente da faixa etária. Naquela internet pré-Google, aquela do Altavista, do Audiogalaxy, do mIRC e outros troços do gênero, os "serviços on-line" eram uma ficção. A utilidade era conversar, treinar datilog... quer dizer, digitar e ― por que não? ― se informar também. Lembro até hoje: na extinta Data Control (lembra?), depois da aula de Editoração Eletrônica (Windows, Office, PageMaker 5 e Corel Draw 6) o tal tempo disponível à frente do computador para dúvidas era todo gasto em "oi tc d onde ― qts anos ― o q procura". Uns dois ou três na turma faziam o instrutor trabalhar. Raramente fui um deles.
O bate-papo ainda hoje é a internet em toda sua amplitude. Talvez minha visão seja muito, digamos, peculiar, mas a maioria das coisas que inventam por aí tem como objetivo, ou como base, o conversar. Civilizando um pouco o termo, o diálogo. Ou, se preferir, adicionemos sofisticação barata: troca de informações e experiências. Acho até que chegamos a um ponto muito interessante, o plurimonólogo em rede aberta.
Mas o diálogo virtual existe, fortíssimo, intrínseco à nossa vida. É, na prática, como é o STF na teoria, inafastável. Acabei de discutir preços de imóveis com uma amiga via GTalk, minha antiga astróloga lia meu mapa astral via MSN, John Neschling foi demitido por e-mail. É isso aí, comunicação instantânea mesmo. O responsável por isso, colega, é ele, sempre ele, o amor.

Fonte: http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=2786

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