"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".

domingo, 15 de março de 2009

“Terra Estrangeira”, de Walter Salles (1995)


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Paco (Fernando Alves Pinto) é um jovem de 20 anos cuja morte da mãe, abalada com o confisco monetário do Plano Collor, o deixa sem prumo. Decide ir para o exterior conhecer, na Espanha, a pequena cidade natal da mãe. Enquanto isso, em Lisboa, Alex (Fernanda Torres) está igualmente à deriva, enredada em um complicado namoro com Miguel (Alexandre Torres), um músico frustrado que sobrevive à custa de contrabando. Paco e Alex, tipos de classe média, são duas facetas da mesma pessoa, pois espelham tipos diversos de exílio. O mais visível, é claro, é o exílio econômico, já que ambos enfrentam dificuldades para se manter durante os anos difíceis de Collor no poder. Entretanto, existe um tipo mais íntimo e mais profundo de exílio: a busca desesperada por um lar, por uma raiz, no mundo da globalização neoliberal. A classe média proletarizada que imigra e cai nas mãos das redes criminosas é um tema social candente que Salles expõe de modo poético. Na década neoliberal - os anos 1990 - o Brasil, pela primeira vez, tornou-se um país de emigrantes. Um destaque para a bela fotografia de Walter Carvalho em preto & branco e a melodia “Vapor Barato” (cantada por Gal Costa), um feliz improviso que dá a nota triste e definitiva de encerramento ao filme. A cena acima é bastante sugestiva - numa praia distante do litoral português, uma embarcação abandonada. Alex diz para Paco: "Podiamos encalhar aqui... como ela."


Fonte: http://www.telacritica.org/

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